Dr Eduardo Iunes

Desafios da cirurgia da coluna em pacientes obesos

Complicações decorrentes da cirurgia de coluna ocorrem com mais frequência em pacientes obesos, justamente o público mais propenso a ter que se submeter a uma cirurgia na coluna, em comparação às pessoas com um peso saudável. Segundo um novo estudo sobre o tema, a obesidade, em si, não é uma contraindicação para a cirurgia da coluna. A seleção dos pacientes é a peça fundamental para alcançar resultados clínicos favoráveis.

Anteriormente, pesquisadores da Universidade Thomas Jefferson descobriram que o risco de complicações cirúrgicas aumenta de acordo com o grau de obesidade. Quanto maior o índice de massa corporal (IMC), maior é a chance do paciente experimentar um problema relacionado com a sua cirurgia de coluna.

No mesmo sentido, um outro estudo revelou que a taxa de complicações em pacientes cirúrgicos com um peso saudável chega a 14%. Mas para aqueles com um IMC maior que 40 (faixa normal é de 18,5 a 25; 40 ou mais indica obesidade mórbida), esta taxa salta para 36%.

“São as complicações na cirurgia de fusão espinhal em pacientes com IMC elevado que preocupam os cirurgiões em especial. A possibilidade da cirurgia não ser bem sucedida é real. Segundo a Academia Americana de Neurocirurgiões, em cirurgias feitas para aliviar a dor lombar, a taxa de falha, em pacientes cujo IMC é superior a 40, é maior”, afirma o neurocirurgião Eduardo Iunes (CRM-SP 119.864), que é especialista em coluna.

Complicações no pós-operatório

Segundo o médico, na maioria das vezes, a cicatrização dos ferimentos é a complicação mais mencionada em pacientes obesos. “A Academia Americana de Neurocirurgiões destaca que a pneumonia, a trombose venosa profunda e a necessidade de uma nova cirurgia são os problemas mais recorrentes. Outros resultados adversos ainda podem incluir insuficiência renal, diabetes, hipertensão, doença cardíaca, doença hepática e compressões nervosas”, diz Iunes.

Na cirurgia de coluna, assim como em qualquer outro tipo de cirurgia, há uma série de possíveis problemas relacionados com a anestesia que também precisam ser considerados quando o paciente é obeso. “A anestesia torna o paciente mais vulnerável à apneia do sono. E isso pode ser agravado pela diminuição da capacidade da parede torácica e dos pulmões de funcionarem adequadamente devido ao peso extra”, explica o neurocirurgião.

A hipóxia e/ou a hipoventilação, condição que pode dificultar a capacidade de respirar, está presente em 10% das pessoas com obesidade mórbida e pode resultar em uso desnecessário de oxigênio durante a cirurgia.

O posicionamento do paciente obeso durante a cirurgia também pode ser muito perigoso. Muitas vezes, pode ser difícil chegar ao local da cirurgia com precisão. “Durante a cirurgia, pode ser difícil para o médico ou enfermeiro monitorar a pressão arterial do paciente obeso. E após a cirurgia, a obstrução das vias aéreas também representa um desafio muito grave a ser vencido. Perder peso antes de fazer a cirurgia de coluna pode ajudar a diminuir os problemas com o posicionamento, a apneia e com o monitoramento da pressão arterial”, destaca Eduardo Iunes.

Contraindicação da cirurgia de coluna

“Mesmo diante dos conhecidos riscos cirúrgicos, os pacientes obesos não devem ter suas chances de cura negadas, caso necessitem de uma cirurgia de coluna. Em geral, a cirurgia de coluna minimamente invasiva apresentam menos riscos de complicações do que as do tipo tradicional para pacientes obesos”, defende o neurocirugião.

Dados preliminares sobre o uso de técnicas minimamente invasivas para pacientes obesos com problemas de coluna têm se mostrado promissores em termos de segurança e de resultados. Um estudo mostrou que os obesos que se submeteram a cirurgias minimamente invasivas de artrodese lombar apresentaram os mesmos resultados que os pacientes com peso saudável.

“A dor, após um procedimento minimamente invasivo, também é minimizada, o que permite que os pacientes retomem suas atividades mais rapidamente”, afirma o médico.

A Academia Americana de Neurocirurgiões sugere que o efeito de equalização que a cirurgia de coluna minimamente invasiva tem em pacientes obesos tem a ver com o grau muito reduzido de interrupção dos procedimentos sobre os tecidos moles e com a rota de viagem “precisamente guiada” dos instrumentos cirúrgicos.

“As cirurgias de coluna minimamente invasivas empregam a fluoroscopia para permitir incisões muito pequenas e para obter imagens em tempo real das estruturas internas do paciente, o que permite guiar com precisão o instrumento cirúrgico até o seu destino. Os avanços na tecnologia resultaram em instrumentos mais afinados e eliminaram os problemas de imagem relacionados com a presença de tecido adiposo”, diz o neurocirugião Eduardo Iunes.

Fonte: PROFISSÃO BELEZA