Pesquisadores sugerem que os pacientes que fumam devem considerar seriamente parar de fumar antes de passar por uma cirurgia de estenose espinhal
São Paulo-SP 27/05/2013
Para pacientes com estenose espinhal – não fumantes – a melhor opção terapêutica é a cirurgia em comparação ao tratamento não cirúrgico. A informação é de um estudo publicado no Spine.
“Os pacientes com estenose espinhal apresentam estreitamento do canal espinhal, o que causa dores nas costas, dores nas pernas, dentre outros sintomas”, explica o neurocirurgião Eduardo Iunes, (CRM-SP 119.864), especialista em coluna.
Segundo os autores da pesquisa, realizada pelo The Dartmouth Institute for Health Policy and Clinical Practice, com exceção dos fumantes, os pacientes que se submeteram à cirurgia de estenose espinhal apresentaram uma melhora mais acentuada com o procedimento do que os pacientes que se submeteram ao tratamento conservador.
Os pesquisadores sugerem também que os pacientes que fumam devem considerar seriamente parar de fumar antes de passar por uma cirurgia de estenose espinhal.
Não fumantes e melhores resultados
Para chegar a esta conclusão sobre a melhor indicação terapêutica para a estenose espinhal, os pesquisadores analisaram dados do Spine Outcomes Research Trial (SPORT), um dos maiores ensaios clínicos sobre a cirurgia para problemas de coluna. No SPORT, os pacientes que preencheram os critérios rigorosos para a estenose do canal vertebral (ou outros diagnósticos comuns da coluna espinhal) foram randomizados para cirurgia ou tratamento não cirúrgico (tais como fisioterapia e medicamentos).
No estudo, 419 pacientes com estenose espinhal passaram por uma cirurgia, enquanto 235 receberam o tratamento convencional. A diferença de pontos numa escala de classificação de deficiências (até 100) foi estabelecida para avaliar os efeitos dos tratamentos, comparando a cirurgia ao tratamento não cirúrgico. Uma vasta gama de características foi analisada para prever quais os grupos de pacientes que seriam mais beneficiados com o tratamento cirúrgico ou com o tratamento não cirúrgico.
Os resultados mostraram consistentemente uma melhora maior após a cirurgia. “Com exceção dos fumantes, todos os subgrupos analisados, incluindo pelo menos 50 pacientes, melhoraram significativamente mais com a cirurgia do que com o tratamento clínico”, diz o médico.
Com o ajuste para outros fatores, os fumantes que fizeram a cirurgia ganharam apenas dois pontos na escala de deficiências, em comparação com aqueles que se submeteram ao tratamento não cirúrgico.
Algumas características, além de deixar de fumar, predizem também uma melhora maior com a cirurgia, tais como uma baixa pontuação inicial de invalidez, a presença de anormalidades neurológicas e certos tipos de estenose da coluna vertebral.
Para os pacientes com características favoráveis mais fortes, o efeito do tratamento previsto para a cirurgia foi uma melhora de 24 pontos no escore de deficiência, em relação ao tratamento não cirúrgico.
Estudo ajuda a orientar o tratamento
O estudo SPORT foi projetado para aumentar a evidência científica sobre as decisões relativas ao tratamento dos distúrbios da coluna vertebral.
A constatação de que a maioria dos pacientes com estenose espinal obtiveram melhores resultados terapêuticos com a cirurgia – incluindo aqueles com menor nível de deficiência – contrasta com a “sabedoria convencional” de que a cirurgia é mais apropriada para os pacientes que apresentam piores sintomas iniciais.
“Os pesquisadores enfatizam que os resultados de sua pesquisa aplicam-se apenas aos pacientes que satisfazem aos rigorosos critérios SPORT para a estenose espinal: dores persistentes e sintomas típicos com exames de imagem para confirmar o estreitamento do canal vertebral”, observa o neurocirurgião Eduardo Iunes.
A “descoberta mais surpreendente” é a importância do hábito de fumar, pois os fumantes apresentaram quase o mesmo nível de melhora com ou sem cirurgia. “Segundo os pesquisadores, não está claro se o tabagismo é a causa da diminuição da resposta à cirurgia ou simplesmente um marcador de outras características responsáveis por esta associação. Até que essa pergunta seja respondida, eles acreditam que parar de fumar deve ser considerado antes da cirurgia para estenose da coluna vertebral”, afirma o especialista em coluna.
Os resultados do SPORT também destacam a importância de se considerar as características individuais na tomada de decisões sobre o tratamento. Os autores do estudo defendem que os pacientes devem participar das tomadas de decisão, tanto quanto possível. Os dados podem ser usados para ajudar a individualizar as discussões e compartilhar as decisões sobre os possíveis resultados, após o tratamento cirúrgico ou não cirúrgico da estenose espinhal.
Fonte: DINO – Divulgador de Notícias